segunda-feira, 28 de março de 2011

Estudantes reclamam do fim do Programa Eureka

Junto com as mudanças de programação da TV Educativa, rebatizada de E-Paraná, o único programa pré-vestibular do país, segundo os organizadores, foi suspenso da emissora

Após sete anos e três meses no ar, o programa Eureka, voltado para estudantes que se preparam para o vestibular, foi suspenso da grade de programação da TV Educativa no dia 20 de fevereiro. A medida faz parte das mudanças na grade da emissora, rebatizada de E-Paraná.

O fato deixou descontentes vários vestibulandos e estudantes.Agora o professor Marlus Geronasso, que apresentava e coordenadava o Eureka, conduz um movimento pela volta do programa ao ar. O “Volta Eureka” já conta com um Tumblr (uma mistura de Twitter com blog), comunidade no Orkut e canal no YouTube. “Foram os próprios estudantes que criaram esses recursos. Eu entrei depois e faço uma mediação das discussões”, conta Marlus.

Além de lamentar a saída do Eureka da programação e pedir a sua volta, a principal reclamação do professor refere-se ao que considera como a arbitrariedade com que o Eureka foi tirado do ar. “Oficialmente não temos nada que explique o motivo do programa ter sido retirado do ar. Temos apenas uma carta, repassada no dia 21, mas datado do dia 7 de fevereiro, na qual se lê que está sendo desenvolvida uma nova programação com um novo estilo e, como uma casa que está sendo construída, é necessário derrubar algumas coisas”, conta.

A nova programação da E-Paraná deve ser composta em grande parte pela retransmissão de programas da Rede Cultura, de São Paulo. Segundo João Sayad, presidente da TV Cultura, para manter um programa na grade ele deve atender a cinco critérios: custo, ineditismo, repercussão na sociedade, abrangência temática e audiência, explica. Para Marlus Geronasso, o programa se encaixa perfeitamente. “Ele é feito por voluntários e tem custos apenas de veiculação. Mesmo assim, tem apoios culturais de três instituições de ensino para se manter. Além disso, não existe um programa similar no país. Somente a página na internet do Eureka teve mais de 312 mil downloads e visualizações. Ele é assistido em todo o Paraná e em mais 32 cidades de 13 estados do país”, conta.

Marlus diz ainda que o movimento vai continuar. Ele conta que também pediu interferência do secretário da Educação, Flavio Arns, sobre o assunto. “É tempo de negociar. Mas se não houver resposta, vamos partir para o enfrentamento com protestos dos estudantes”.

Reformulação

Paulo Vitola, diretor-presidente da E-Paraná, explica que o programa não foi cortado da programação, apenas suspenso. “Estamos fazendo uma revisão ampla de toda a programação. A grade principal será da TV Cultura, de São Paulo, com algumas inserções da TV Brasil. Os programas locais estão todos passando por uma repaginação, para adequar os conteúdos antigos para uma nova e diferente linguagem. Estamos, portanto, passando por um processo de criação de conteúdo. Tudo isso nos levou a tirar a programação antiga do ar”, conta.

A prioridade, diz Vitola, é a criação da estrutura básica do jornalismo, que deve contar com pelo menos três noticiários diários. A partir daí, os demais programas serão incorporados gradativamente. “O público pré-vestibular e do Enem vai ser atendido. Ainda não há um formato definido, e não sabemos se vamos continuar com o Eureka como ele estava ou repaginado. Isso não está decidido”, conta. “O pessoal tem pressionado e reclamado sem fundamento. Não dissemos nunca que excluiríamos, só suspendemos enquanto pensamos em um novo formato que de adeque à nova programação”.

Na opinião de Vitola, o Eureka como estava não tinha um formato ideal. “Eu considero, e vários pedagogos também, o formato atual ultrapassado. Isso ainda vai ser objeto de uma análise mais ampla, mas, enquanto programa, o formato era antiquado. A minha opinião é de quem sabe fazer televisão, não de quem faz educação para esse público específico”, diz o diretor-presidente da E-Paraná. “Não é uma questão de ser contra o tema, assunto, professores ou público. É apenas quanto à forma. É uma questão de linguagem”, explica.

Ainda não há um prazo definido para que se resolva a situação, mas Vitola espera que seja o mais rápido possível. “Tudo deve ser resolvido em um prazo de 30 dias”, diz. "O fato gerou muito descontentamento e discussão em torno do assunto. Muitos professores, estudantes, pedagogos tem opiniões diferentes sobre o Eureka. Mas isso é bom, principalmente para os futuros beneficiados.”

Ele ainda explica que vai chegar o momento de apresentar um proposta alternativa ou uma justificativa para os produtores do Eureka. “Nunca me neguei a receber o professor Marlus. Não existe porta fechada. Estamos dispostos a debater. O que todos queremos é a mesma coisa: um produto de boa qualidade”.

E-Paraná deve ter conselho de programação

As mudanças da antiga TV Educativa também devem se estender para a forma como a programação é feita. Segundo o diretor-presidente da emissora, Paulo Vitola, um conselho de programação deve ser instituído para discutir o que vai ao ar. “Esse conselho curador da programação vai de fato decidir sobre os conteúdos e formatos exibidos. Ele possivelmente vai ser paritário, com membros da Secretaria de Cultura, da emissora e da comunidade”, explica. Portanto, no futuro, um caso como o do Eureka vai poder ser analisado e debatido dentro desse conselho.

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