A
educação, nos últimos meses, ocupou as principais manchetes do país. A
principal razão, amplamente discutida e divulgada, da enxurrada de notícias, referia-se
aos cortes no orçamento – cerca de 30% - de Universidades e Institutos federais,
que, no primeiro momento, ocorreram como medida retaliativa frente a uma
suposta “balbúrdia”, no interior das instituições públicas de ensino superior.
Como
justificativa, na tentativa de diminuir o impacto negativo dos cortes, o então
Ministro da Educação, Abraham Weintraud, na esteira do que disse Bolsonaro, “a
gente não vai cortar recurso por cortar. A ideia é pegar e investir na educação
básica”, afirmou, num vídeo no Twitter, que “para cada aluno de graduação que
eu coloco na faculdade eu poderia trazer mais dez crianças para uma creche”.
Os
desdobramentos, após as declarações do Ministro e do Presidente da República,
no entanto, nos disseram outra coisa. Segundo matéria de inúmeros periódicos,
dentre os quais Carta Capital e Estadão, o governo bloqueou cerca de R$ 2,4
bilhões de recursos, voltados, particularmente, à programas do ensino médio e
da educação infantil. Num flagrante ataque, diga-se de passagem, ao direito de
milhões de estudantes de frequentarem escolas melhores.
Apesar
dos acontecimentos acima estarem um pouquinho longe de nós, uma vez que
ocorreram, especialmente, no mês de abril, volto-me a este assunto, dos cortes,
no intuito de refletir como a educação ainda reside como prioridade,
unicamente, nos discursos eleitorais. Nessa época, prometem escolas com fartos
investimentos e salários dignos para os professores.
Na
verdade, a educação pública no Brasil, desde períodos remotos, peleja, e peleja
muito, a fim de enxergar-se como direito, ofertado gratuitamente, com qualidade
e democrático. A este respeito, há uma grande luta acontecendo contra a
iniciativa de privatizar o ensino público, embora encontre-se refém, em
inúmeros casos, de investidas fortemente articuladas entre governos e
empresários logrando a adoção de práticas gerencialistas, inspiradas no
Mercado, como solução para educação brasileira.
Acho
eu que a política recorrente de cortes no ensino público, levando-o,
forçosamente, a existir de forma precária, soa como um convite à privatização.
Erguer-se contra isso não é só um direito, como testemunhamos nos dias 15 e 30,
onde milhões ocuparam as ruas, mas um dever crítico, no intuito de levar a cabo
outro projeto à população, onde a educação seja prioridade.
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