quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sentido da Vida

Em um espaço de tempo muito pequeno, a humanidade se desenvolveu de maneira estrondosa, desde no que se refere a tecnologias, como também em seus hábitos e costumes. A vida ganhou proporções diferenciadas e problemáticas ao mesmo tempo. Hoje pensar na vida, acaba sendo inevitável, quando na solidão ou na alegria, a constatação de uma decorrente crise da humanidade frente à sociabilidade humana é visível. Mais ainda, uma crise de escolhas, ficando evidente a ação equivocada em adotar um modelo de vida em sociedade no qual desumaniza os seres humanos. Sem delongas, o sentido da vida, em que este texto se propõe refletir, perpassa em um enredo contemporâneo de relações fragilizadas e uma espécie de vulnerabilidade social de permanência da vida no mundo. Assim, pensar o sentido da vida no campo individual, intrinsicamente de busca da felicidade, acaba sendo reflexo do enredo e contexto social optado por nós – seres humanos.

A vida, no campo observado da experiência humana no mundo, é sem dúvidas uma apaixonante trajetória coletiva. Os seres humanos lutaram e garantiram espaços para que as experiências humanas diversas tivessem no mundo um lugar único, efêmero e de realizações indescritíveis. A vida é, assim, na verdade um conjunto de sensações provocadas pelos diversos elementos que constituem o mundo, originando nos indivíduos uma consciência de si e de vida.

Todavia boa parte da população mundial testemunha seu direito a vida (e sua vida) sendo podado. São excluídos de parques, cinemas ou teatros. São proibidos de amar e ser feliz. Seu direito a educação e consequentemente ao saber produzido historicamente pela humanidade é usurpado. Deste modo, atribuir sentido a vida, acaba sendo, no campo individual daqueles que veem seus direitos esmorecerem, um tanto quanto inútil visto que lutam particularmente para sobreviver.

Contudo, ainda que em posições diferenciadas socialmente, os seres humanos produzem entre si adjetivos como solidariedade e fraternidade que viabilizam em sua totalidade a permanência e as esperanças de continuidade da vida no mundo. Atribuir nesse aspecto o sentido da vida, numa visão coletiva, é desvendar a essência que por vezes acabamos perdendo na perspectiva individual de prosseguir a caminhada efêmera. A vida quando pensada coletivamente, por sujeitos livres e de vontade própria que conscientemente são lutadores e lutadoras pela permanência humana no mundo, acaba por si só tendo um significado nobre, mais que isso, fundamental no espirito e vontade individual de resistir e existir.

Obviamente que os seres humanos possuem conflitos internos, que - por vezes - consequentemente ocasionam mortes e desfechos infelizes. Todavia, por outro lado, a superação destes conflitos, quando o sentido da vida é esquecido ou sequer existe, acaba sendo resultado, não apenas de reflexão, mas de ajuda coletiva, daqueles que estão em volta do individuo. Evidenciado assim, o quanto é importante atribuir sentido nos seres humanos, como também em experiências proporcionadas pelo mundo, que não o conjunto material que com o tempo se desfaz, mas com os momentos realizados em pequenas demonstrações de beleza que este mundo carrega. Seja o pôr do sol rutilante, a chuva fresca ou a brisa fina e o inverno aconchegante. O sentido da vida está além de um mundo contornado pelo capital e de humanos desumanizados. Ao contrário, está nos arredores das ações simples que demonstram amor para com o mundo e com os seus iguais.

O sentido da vida requer, após tudo acima descrito, amorosidade. Objetivos dos quais possam preencher o vazio que nos assombram e as atitudes que nos desumanizam. Ter a sensibilidade de conduzir valores que produzam no mundo alegrias e esperanças. Aliás, não existe maior sentido na vida do que tê-la como caminho de esperança - do que pode vir a ser. Ainda que possamos viver num mundo no qual o sentido da vida é reduzido ao acumulo de capital em detrimento da felicidade e bem estar dos demais, vivenciamos também a esperança, a reorganização de valores e o fortalecimento das ações coletivas.

A vida é tão bela quanto o nosso primeiro amor, e dela somos convidados a desfrutar das melhores sensações que este mundo pode nos proporcionar, o sentido da vida está em conduzirmos isso harmonicamente e fazermos de cada um de nós felizes e amorosos. Isto é uma esperança ainda que possa ser tardio.

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