Por Rudá Morais Gandin
Não faz muito tempo, em especial no Brasil, que a juventude contribuiu de grosso modo para o reestabelecimento da democracia. Como também, por meio dos centros populares de cultura - CPC, na edificação da identidade do povo brasileiro, através da produção e valorização da cultura nacional. Assim, quase sempre a juventude esteve presente na elaboração de um projeto coletivo e na significância de valores, nos quais, reorganizarão nossa sociedade e o mundo contemporâneo.
A Juventude, mais que uma etapa ou um determinado percurso; é um momento da vida, repleta de significância, atribuída de direitos e, sobretudo, de identidade. Portanto, necessita de politicas públicas que busquem tornar a juventude, uma experiência plena, com vistas à formação cientifica e humana, voltada ao trabalho, lazer e tempo livre. Todavia, a juventude permaneceu, e ainda por muitas vezes permanece, ausente dos programas governamentais, como também de ações que viabilizam a formação dos sujeitos jovens, prejudicando – decisivamente – sua realização plena, atribuídas de direitos e significância. Deste modo, para aonde estamos caminhando, não só a juventude, mas o poder público que não programa politicas voltadas à juventude, tampouco garante seus direitos?
É evidente, portanto, que a formação da juventude, e os valores dos quais são assimilados por ela, passa a ser, nos dias de hoje, tão fundamental quanto à proposta escolar para a juventude, que na maioria das vezes apenas legitima o que não deveria e acaba, por conseguinte, agravando a má formação e desumanização dos jovens. Assim sendo, estamos numa etapa que não basta efetuar politicas voltadas para juventude, mas reivindicar e assegurar a transformação das estruturas socias vigentes que, sem dúvidas, produzem e reproduzem a desumanização da juventude, em troca da perpetuação do atual modelo econômico e social, baseado no lucro e na competitividade.
Se assim é verdade, presencia-se, portanto, uma juventude formada pelos meios de comunicação, em especial midiáticos, e, também, por produtoras musicais e pelo modelo social aderido, neste projeto econômico social vigente; apolítico alienante, que desumaniza as ações dos variados grupos de jovens, que esquecem o projeto coletivo social, e deixam se formar na base do apelativo sexual, do consumismo desenfreado e, finalmente, do lema: “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Diante disso tudo, para aonde vai à juventude? Que jovens nossa sociedade tem formado? Que tipo de valores têm atribuído estes jovens a vida e ao outro?
Infelizmente volte e meia são noticiados brigas e casos de mortes entre jovens, e, tristemente, tem se observado um abandono do raciocínio crítico e uma tremenda alienação geral. Bom se fosse uma constatação local, de um determinado segmento entre tantos na constituição social. Todavia não é. A sociedade forma e conduz a sua imagem. Presenciamos uma juventude na qual é fruto de uma sociedade que alimenta o consumo, estabelece padrões e privilegia os afortunados. Neste contexto, imaginar que a juventude possa se emancipar é “viajem”.
Para tanto, a luta pela emancipação social do jovem, como também dos sujeitos que constituem a sociedade, só se realizara diante de um projeto alternativo de mundo, que nos alimente de esperanças e sonhos, que cultive os valores baseados na solidariedade e que faça se na luta outro amanhã.
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