quarta-feira, 1 de junho de 2011

Impostos sobre os tablets

Como bem sabemos nos próximos meses o quadro de tablets no Brasil mudará: o PIS/Cofins já caiu de 9,25% para zero e, nos próximos dias, o IPI e o ICMS sobre os tablets devem ser reduzidos também, assim como o imposto de importação. Mas o que impede que o Brasil seja apenas “montadora” de tablets, só importando peças da China?

Um dos principais motivos desta redução pode ser encontrado no interesse de uma empresa chamada Foxconn, queestá prestes a vir ao Brasil. É esta empresa que monta diversos produtos da Apple, HP, Intel, Sony entre outros, em sua maioria notebooks, celulares e tablets. O interesse em relação ao Brasil é em especial o iPad 2. Apesar de não passarem dos rumores, sabemos que a atual Presidenta havia demonstrado interesse em relação à popularização dos tablets no país, e havia prometido conversar com o atual Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, sobre o que poderia ser feito. Os rumores afirmam que a montagem do iPad 2 no Brasil deve começar em julho, mas essa redução de impostos significa uma grande queda nos preços?

Em curto prazo não. Os estoques do varejo e das peças das montadoras demoram um pouco para se renovarem, e muitos especialistas dizem que só veremos a diferença daqui uns três meses, onde tabletsda Positivo e de outras empresas nacionais (ou internacionais, como a Motorola que já produz o Xoom aqui) começarão a ser montados, bem como possivelmente o iPad 2. Esta montagem, porém, ainda caracteriza o produto como importado, já que muitas de suas peças não são nem produzidas e muito menos desenvolvidas aqui.

É uma característica atual do mercado brasileiro o aumento do consumo de produtos importados numa velocidade maior do que o desenvolvimento destes produtos no Brasil. O mercado de tablets tenta correr atrás, mas pelos preços anunciados de modelos mais simples, vale mais a pena comprar o produto das grandes empresas do ramo. Segundo o Ministro da Ciência e Tecnologia, a ideia é de que por volta de 80% das peças destes produtos sejam produzidas no Brasil, o que geraria uma queda de preço ainda maior somado com a redução de impostos, que deve chegar próximo de 33% no produto final.

A Foxconn tem suas principais montadoras no Sudeste asiático, principalmente na China. A empresa, que fez uma lista de exigências ao país para vir pra cá, tem uma alta taxa de suicídio de funcionários, estes que trabalham horas por dia, dormem em dormitórios dentro das montadoras, e ganham um salário que não chega nem perto de comprar os produtos que produzem. Na ultima semana houve uma explosão na fábrica de iPads, que matou dois funcionários e irá atrasar a produção do tablete em meio milhão. Talvez essa seja a deixa que o governo e a empresa esperavam para de fato fechar negócio.

Os impostos foram reduzidos, mas ainda sim muitos capítulos desta história são especulações. O interesse do governo está claro e mesmo se o processo com a Foxconn acabar em pizza, até o fim do ano teremos muitas novidades em relação aos incentivos e as empresas nacionais. Quem sabe o Brasil não encontre um jeito de pegar uma fatia desse mercado em florescimento.

Por: Nicolas Augusto Milanes

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