Por Rudá Morais Gandin
Na escola a gente espera que as crianças e jovens regressem sabendo ler e
escrever razoavelmente; espera-se que estejam habilitados na efetuação de contas
básicas e realizando interpretações medianas sobre livros e textos. No limite,
queremos que a escola cumpra um papel modesto aos objetivos esperados de um
espaço designado para a formação humana. Contudo, esta educação encastelada na
escola, tem nos conduzido, afinal, para onde? Em que medida a educação realizada
pelas instituições escolares tem servido para os desafios atuais que, em geral,
tem se materializado em construir outra sociedade, visto que o modelo social
vigente extrapola o bom senso entre as relações humanas e aprofunda os
problemas de cunho ambiental e social no mundo.
A questão presenciada hoje na organização do sistema de ensino tem sido a
falta de sentido atribuída aos objetivos da educação escolar. Em que pese às
vontades e os esforços de alguns homens e mulheres, em edificar uma escola diferente,
seja um alento às esperanças quanto a qualidade da educação, testemunhamos, ao
contrário do animo disposto em poucos: crianças e jovens enxergam, cada vez
mais, na escola um caminho apenas para a certificação que resulte em um bom
emprego. Percebe-se que mais e mais a instituição escolar que teria como
objetivo a formação propedêutica e técnica voltada ao trabalho, tem se reduzido
numa formação aligeirada e incapaz de formar sujeitos capazes de resolverem os
problemas da contemporaneidade, como também de se sensibilizarem com as
injustiças sociais e violação dos direitos humanos, cometidas pela opção de
sociedade vigente.
Esta situação que desagrada uma grande parcela da população que necessita
da educação, em especial, pública, corrobora para um abandono em massa das
instituições formais por serem indiferentes às demandas apresentadas,
principalmente, pelas classes populares. Esse dilema que a escola contemporânea
apresenta de indefinição de seu sentido, no que se refere aos objetivos de sua
ação, tem demonstrado sérios problemas, pois a escola acaba não ensinando e,
portanto, ingerimos para dentro da sociedade sujeitos incapazes de interferir e
zelar pela democracia, por exemplo. Os sujeitos perdem; a sociedade mais ainda.
Talvez o principal desafio para modernização seja descolar a educação da
escola, quem sabe aprimoraríamos as vontades de crianças e jovens para
aprender.
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