domingo, 2 de junho de 2013

Educação para onde?

Por Rudá Morais Gandin

Na escola a gente espera que as crianças e jovens regressem sabendo ler e escrever razoavelmente; espera-se que estejam habilitados na efetuação de contas básicas e realizando interpretações medianas sobre livros e textos. No limite, queremos que a escola cumpra um papel modesto aos objetivos esperados de um espaço designado para a formação humana. Contudo, esta educação encastelada na escola, tem nos conduzido, afinal, para onde? Em que medida a educação realizada pelas instituições escolares tem servido para os desafios atuais que, em geral, tem se materializado em construir outra sociedade, visto que o modelo social vigente extrapola o bom senso entre as relações humanas e aprofunda os problemas de cunho ambiental e social no mundo.  
A questão presenciada hoje na organização do sistema de ensino tem sido a falta de sentido atribuída aos objetivos da educação escolar. Em que pese às vontades e os esforços de alguns homens e mulheres, em edificar uma escola diferente, seja um alento às esperanças quanto a qualidade da educação, testemunhamos, ao contrário do animo disposto em poucos: crianças e jovens enxergam, cada vez mais, na escola um caminho apenas para a certificação que resulte em um bom emprego. Percebe-se que mais e mais a instituição escolar que teria como objetivo a formação propedêutica e técnica voltada ao trabalho, tem se reduzido numa formação aligeirada e incapaz de formar sujeitos capazes de resolverem os problemas da contemporaneidade, como também de se sensibilizarem com as injustiças sociais e violação dos direitos humanos, cometidas pela opção de sociedade vigente.

Esta situação que desagrada uma grande parcela da população que necessita da educação, em especial, pública, corrobora para um abandono em massa das instituições formais por serem indiferentes às demandas apresentadas, principalmente, pelas classes populares. Esse dilema que a escola contemporânea apresenta de indefinição de seu sentido, no que se refere aos objetivos de sua ação, tem demonstrado sérios problemas, pois a escola acaba não ensinando e, portanto, ingerimos para dentro da sociedade sujeitos incapazes de interferir e zelar pela democracia, por exemplo. Os sujeitos perdem; a sociedade mais ainda. Talvez o principal desafio para modernização seja descolar a educação da escola, quem sabe aprimoraríamos as vontades de crianças e jovens para aprender.

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