
Em 1915, Walter Benjamin escreveu um ensaio intitulado “A vida dos estudantes” no qual o autor busca analisar a Universidade alemã por dentro, através dos estudantes. A princípio o texto que escrevo não tem esta pretensão, todavia neste mês aonde comemoramos de praxe o dia do estudante, acabou sendo oportuno, não apenas a minha leitura deste ensaio, mas a vontade em escrever sobre “a vida dos estudantes”, não me importando, contudo, com aqueles (as) que são acadêmicos, mas aqueles e aquelas, meninos e meninas que frequentam o ensino básico.
É verdade que eu, especificamente, já terminei o ensino básico e por isso não tenho todos os argumentos e a precisão necessária para relatar o cotidiano dos estudantes nesta etapa da educação. Entretanto, a minha vida acadêmica na universidade me obriga, fruto do curso que escolhi, a estar sempre presente e acompanhando de perto as politicas e o desenrolar da educação básica. Além disso, ainda existem amigos e amigas que frequentam esta etapa, o que me da mais tranquilidade para descrever, ou melhor, apontar algumas questões referentes ao ensino e ao corriqueiro cotidiano dos estudantes.
Antes de tudo, não quero aqui fazer o que Benjamin fez em seu ensaio, até porque não tenho condição teórica e tampouco o brilhantismo dele. No entanto, quero apenas contribuir de maneira modesta, ao ponto que o ensaio de Benjamin relata criticas a Universidade e ao conjunto dos estudantes em diversos aspectos naquela época, e evidentemente criticas não faltaram, neste momento que vivenciamos ao ensino básico brasileiro.
Os estudantes são um segmento fundamental no exercício democrático da escola. E, muito mais que alunos, do latim sem luz, são - essencialmente – atores no processo de decisão e constituição do saber escolar que, por fim, será socializado com os demais participantes da escola.
Mas, este papel de participar e decidir têm estado longe dos atores estudantis. A escola tem tomado cada vez mais em seu entorno decisões e características expressadas unilateralmente pelos professores, ou melhor, daqueles que já terminaram o ensino básico, portanto que não são mais estudantes. Essa situação exteriorizada pela própria comunidade escolar nos demonstram duas situações. A primeira: os estudantes não tem procurado participar ativamente do próprio processo formativo e das decisões dos rumos nos espaços escolares. Segunda situação: A comunidade escolar tem excluído ou sabotado a vontade estudantil em participar da escola, do processo de caminhada escolar.
Neste contexto, de duas alternativas, em busca da “vida dos estudantes” nestes espaços, que são de formação e ao mesmo tempo de reflexão de conduta, em outras palavras, não apenas de assimilação de conteúdo, mas também de valores, todavia, os estudantes têm perdido, ou ainda permanecem perdidos na caracterização e reinvindicação de seus rumos neste espaço de ensino aprendizado, assim tornando desastroso não só o futuro coletivo da escola, mas também dos rumos da sociedade atual. Benjamim em seu ensaio lembrava, em um discurso que proferiu para os estudantes, quando em sua posse de uma determinada agremiação estudantil, que são eles “os que envelhecem” visto que depois deles virá uma nova geração. Pois bem, os estudantes o são, enquanto participarem do seu processo formativo com a força, coragem e entusiasmo, singularidades expressivas da juventude. O cotidiano estudantil deve se valer da crítica, da autocrítica e expressamente da esperança com qual nos motivamos pela mudança estrutural do mundo.
Ser estudante acaba sendo uma condição, um momento histórico em que cada um atravessa. Ter um mês que recorde deste momento deve servir para garantir um processo de formação adequado, em outras palavras, deve ser um momento de reinvindicação, de luta para que tenhamos uma escola boa, justa, universal, com qualidade e laica. Essa deve ser a principal tarefa do estudante.
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