quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Aberta a temporada de caça aos jovens talentos

Com oferta de bons salários e investimento pesado nos aprovados, grandes empresas brasileiras e multinacionais abrem inscrições para seus programas de trainee
Está aberta a temporada de caça aos jovens talentos. É em agosto que tradicionalmente as grandes empresas brasileiras e multinacionais abrem as inscrições para seus programas de treinamentos, os trainees. Neste ano, há mais de 700 vagas ofertadas por companhias como Ambev, América Latina Logística, Bosch, Johnson & Johnson, Nestlé, C&A, Sadia, Souza Cruz e várias outras (veja quadro com as principais delas nesta página).
Criado com o objetivo de formar lideranças e preparar jovens talentos recém-graduados para assumir cargos estratégicos num pequeno espaço de tempo, o programa de trainee é uma das melhores opções para ingressar no concorrido mercado de trabalho. Algumas empresas chegam a oferecer até R$ 4 mil de salário, além dos benefícios. “O programa de treinamento é usado de acordo com a necessidade da empresa. Mas, na grande maioria delas, tem como meta a formação de futuras lideranças. Esses programas recrutam jovens de alto potencial e os formam”, diz Mônica Mayol, consultora da Cia de Talentos – empresa de consultoria especializada em recrutamento, seleção e desenvolvimentos de executivos, especialistas e trainees.
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O trainee – depois de passar por um difícil processo de seleção – é colocado à prova dentro da empresa. No tempo em que permanece em treinamento, ele participa de reuniões, atividades, cursos, conhece a estrutura, gerentes, diretores e até mesmo o presidente. Em algumas companhias, o trainee é colocado num setor totalmente diferente da sua formação acadêmica e pode ser transferido para outras cidades e países. Os programas têm uma duração média de 24 meses.
Apesar dos salários, benefícios e da experiência adquirida, nem tudo é alegria. “Os trainees são mais cobrados que os outros profissionais recém-formados que entraram na empresa por currículo. É esperado do trainee um desempenho muito maior, afinal de contas ele passou por um teste seletivo enorme e recebeu uma carga de informações e treinamentos gigantesca”, afirma Mayol.
Os trainees são contratados da mesma forma que os trabalhadores normais, seguindo o mesmo regime previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A jornada é de 44 horas semanais, com direito a férias, 13º salário e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). No caso de ser demitido sem justa causa, recebe multa de 40% sobre o FGTS.
Seleção
Os programas de trainee assemelham-se muito aos vestibulares. Conhecidos pelos seus dificílimos processos de seleção, existem programas com até 30 mil candidatos. “As seleções são criteriosas porque as empresas estão em busca dos melhores, de jovens com visão empreendedora, vontade de crescer, com um espírito de botar a mão na massa. Jovens que queiram fazer a diferença”, explica Maria Isabel Albernaz, especialista em recrutamento e seleção da AmBev.
Grande parte das empresas exige dos candidatos formação universitária específica, inglês fluente e conhecimentos de informática. Normalmente, as seleções são compostas de provas de português, inglês e conhecimentos gerais; dinâmicas de grupo; testes de raciocínio; e entrevista com os diretores e os presidentes das companhias. É bom lembrar que nem todas as empresas apresentam o mesmo modelo de seleção e o candidato deve ficar atento às exigências, principalmente em relação à formação acadêmica.
Na opinião de Mônica Mayol, para conquistar uma vaga de trainee numa grande empresa, não basta ter conhecimento técnico. “Nos programas de trainee, além dos conhecimentos técnicos, é avaliado o comportamento do candidato. Existe um perfil de comportamento para cada empresa e para cada trainee. Durante um processo seletivo, nós procuramos alinhar esses perfis, e por isso a seleção acaba se tornando mais difícil.”
Experiência
Dois ex-trainees da América Latina Logística, Trajano Rocha, 26, e Marcela Aidar, 27, colocam o programa de treinamento como um dos maiores desafios e umas das melhores experiências da vida. “Eu tinha uma formação toda voltada para psicologia e psicanálise. Na ALL tive que aprender o que era estratégia, margem, logística. Sem sombra de dúvida, foi o maior desafio da minha vida”, diz Marcela, que hoje coordena o programa de trainee da companhia.
O engenheiro civil Trajano Rocha afirma que aprendeu de tudo na ALL. “Foi minha verdadeira escola, aprendi tudo o que eu sei. Tive a oportunidade de trabalhar em outras áreas e aprender muito mais do que numa faculdade”, diz o ex-trainee, hoje coordenador de Planejamento Financeiro.
“Para o jovem, ter um carimbo de trainee pesa muito no currículo. Existem programas que são muito valorizados no mercado. O jovem que é aprovado num programa vai ter um alto investimento no desenvolvimento pessoal, tanto técnico como comportamental”, conclui Mônica Mayol, da Cia de Talentos.

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